Por Jaime "Netão" Guimarães
Fernando Pessoa uma vez disse “A arte é a auto-expressão lutando para ser
absoluta.”. Não, eu não sabia dessa frase antes, procurei no Google para
ilustrar um pouco essa postagem. Falaremos sobre o curta-documentário “O Homem
e a Obra”, produzido e dirigido por Clinger Teixeira, idealizador do Heavy
Metal Online.
O
mote do vídeo parte de um questionamento do próprio diretor: “Em minha história dentro da cena metal underground, um dos
fatos mais intrigantes que me chama a atenção é o fato da postura dos artistas
que fazem parte deste cenário, com seus ideais junto à música pesada. Podemos chamar
o heavy metal de ideologia? Ou podemos chamá-lo de comportamento? Ou até mesmo
de um estilo de vida? “. Partindo desta
citação, Clinger conversa com diversas figuras inseridas no underground
nacional e faz as mesmas perguntas. Exemplos expostos no documentário são os de
Tom Araya, que após anos de Slayer se assumiu como católico; Manowar, que prega
uma “total dedicação” aos fãs, mas em sua vinda ao Brasil não mostrou; e João
Gordo, que tornou-se muito criticado por alguns após se juntar à MTV, e ainda
mais enfaticamente após mudar-se para a TV Record, que tem como proprietário o
chefe da Igreja Univer$al do Reino de deu$.
Membros de diversos grupos,
a exemplo de Headhunter DC, Krisiun, Pathologic Noise, Amazarak, Catacumba, In
Apostasia, Amen Corner, discutem até que ponto vai a harmonia entre o headbanger
– o que produz música – o que ele externa em sua arte e o que prega em sua vida
pessoal. Há pontos de vista distintos. Alguns acreditam que o que é passado nas
letras e ideologia das bandas deve ser seguido, e afirmam viver o que escrevem
(Claro, dadas as devidas proporções). Outros dizem que muito do que se escreve
é como ficção, e que fora dos palcos a vida é diferente. (Se escrevo sobre copular
com um zumbi, não necessariamente tenho que copular com um zumbi. Mais ou menos
por aí).
Uma
das passagens interessantes é quando Sergio Baloff Borges, vocalista do
Headhunter DC, diz que metal não é só música, e que se fosse só música já teria
morrido, como tantos outros estilos que passaram e ficaram pelo meio do
caminho. De fato, esse nosso infame meio de vida e expressão de arte tem um quê
diferente, que o faz manter-se sempre vivo e incomodando os mais fracos de ouvido
e mente. No entanto, não se pode esquecer
do viés econômico, e principalmente de bandas, mainstream ou não, que
buscam sim os cifrões, apenas. Para estes últimos, tanto faz se o que se
escreve é diferente do que se vive, contando que a grana, o “venha a nós”,
chegue em seus bolsos. A arte, assim como tudo, virou mercadoria, e daí surgem os produtos; alguns bons, alguns
não, alguns que parecem bons mas não são, e por aí vai. Quem não te conhece que
te compre, ou quem te conhece que te compre. Sacou?
“O
Homem e a Obra” levanta algumas ideias interessantes, e como iniciativa vem a
somar no cenário metálico brasileiro. Parabéns ao Clinger, que está sempre
inquieto, produzindo, apoiando e levantando questões importantes no
underground.
Vejam:
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666!
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