quarta-feira, 8 de julho de 2015

Tour Report | O Underground na Estrada - Parte III


Por Jaime "Netão" Guimarães

Saudações, malditos e malditas! Dando continuação ao report da Under a Funeral Road, entraremos na terceira parte, referente à segunda semana da nossa tour. Se ainda não leu as partes anteriores clique aqui e aqui.

Após o primeiro fim de semana de shows e de alguns dias off na Bahia, continuamos a descer o mapa. O próximo show seria em Atibaia (SP). Mas antes tínhamos um compromisso no Estado de Minas Gerais. Assim que atravessamos a fronteira tratamos de comprar uma lona para cobrir nossas bagagens, que agora iam na parte de cima do carro. Como não somos lá essas coisas em matéria de conhecimento de lonas, compramos um grande pedaço de plástico e amarramos com barbante reforçado. Aquilo de vez em quando se soltava e ficava batendo por conta do vento. Seguimos. No meio da viagem um pneu furou e por pouco nós não capotamos na BR.(Graças às habilidades ninjas de Victor no volante).

Esse problemas nos fez atrasar bastante. Não daria pra chegar e gravar naquele dia. Então combinamos com o Clinger de ir até sua cidade só no outro dia. Como era tarde paramos em Governador Valadres para dormir. Fomos hospedados pelo Jeff Brito (In Apostasia) e seu simpático cachorro, carinhosamente chamado de Bosta. Então vinha a mesma maratona de sempre: parar, desamarrar a lona, descarregar as malas, guardar, dobrar a lona, etc; para só depois poder descansar. No outro dia era o processo inverso.

No dia seguinte prosseguimos até Caratinga. Encontramos o Clinger e o pessoal da Venereal Sickness, e gravamos o programa no estúdio do figuraça Lu Capeta (4:20), da banda Linha 38. O processo teria que ser rápido, pois tínhamos que sair rápido pra que desse tempo de dormir em Belo Horizonte, para então seguirmos até Atibaia na sexta. Mas o Estado das Minas Gerais é grande, amigos. Muito grande! Não ia dar tempo de chegar até a Capital naquela quinta-feira.



Tínhamos que parar de dirigir de meia-noite, por conta do cansaço do motorista e também porque o Sauron tinha que logar pra “trabalhar”. Paramos em um posto na cidade de João Monlevade. Teríamos ficado moscando por lá se não fosse o trabalho do nosso herói da noite.

Percebemos que nosso amigo – até então só de internet – Clécio José morava naquela cidade, e então entramos em contato para ver se ele podia nos abrigar. E deu certo! Clécio e seus pais nos hospedaram na maior boa vontade, conseguiram cobertores, colchões e tudo o mais.

Na manhã seguinte ainda proporcionaram um café da manhã, para que pudéssemos seguir viagem. Na manhã da sexta saímos com direção a Atibaia. Ainda houve tempo para que parássemos em BH pra almoçar e conhecer a Cogumelo Records.

Despedida da casa do Clécio
Finalmente nos dirigíamos com direção a Atibaia, onde seria nosso próximo show. Foram uns 600 km e uma para em um dos postos mais mal assombrados que já se teve notícia. O lugar fedia a peido, tudo era caro e o clima era algo entre pegajoso e sufocante. Um inferno. A certo ponto cheguei a  pensar que tínhamos morrido em um acidente na estrada e aquele local era uma espécie de purgatório. Sem contar que o tempo estava contra nós, já era tarde e o show tinha hora pra começar.

Felizmente tudo deu certo, chegamos em Atibaia a tempo do evento, que ocorreu sem grandes problemas. A casa de shows era bem espaçosa e os shows foram bacanas. Um fato curioso é que ao lado de onde tocamos acontecia, simultaneamente, um baile funk. Apesar de um certo clima tenso, som alto, carros arrancando na rua, menores se drogando nas calçadas, não havia qualquer tipo de animosidade entre as duas “tribos”. Após o show procuramos um local para dormir e descansar para o próximo evento, que seria em Indaiatuba.

O calor começava a aumentar quanto mais adentrávamos o sudeste. Era mais um dia, e agora estávamos indo até Indaiatuba, cortando os tapetes asfálticos e pedágios de 11 reais de São Paulo. Dessa vez a distância de uma cidade para a outra era pequena, e não precisávamos nos preocupar. Chegamos cedo até o local do show, um bar no estilo Pub, pequeno mas muito bem organizado. Ficamos por lá até que o organizador do show, o Francisco Júnior, chegasse. A cidade estava um forno. Só ventava quando o ônibus passava e arrastava o vento. Os shows foram bons, apesar da plateia ser mais parada. Muita gente ficava mais fora do bar que dentro. Encontramos por lá nosso amigo Rodrigo Haru, que agitou bastante nas apresentações.



Após o término do evento seguimos para a casa do Francisco, que fica na cidade de Amparo, para dormir. A hospedagem lá foi de primeira, tinha colchão pra todo mundo, ventiladores e comida. (vocês não sabem a importância de um colchão em uma turnê. Ele é disputado a tapas).

Próxima parada, Hell de janeiro! Mais uma caralhada de quilômetros a serem percorridos. Dessa vez tínhamos que correr, pois o evento era num domingo e começava cedo. A expectativa pro show era das melhores, iríamos encontrar muitos amigos e tocar no famoso Subúrbio Alternativo. À medida em que chegávamos próximo da Capital carioca o calor aumentava. O ar do carro não dava mais vencimento, e do lado de fora soprava um vento quente e abafado.

Quando chegamos ao lugar do show, que fica no bairro Brás de Pina, já havia uma porrada de gente bebendo e ouvindo som. A primeira pessoa que vimos foi o Leon Manssur (Apokalyptic Raids) que já falou algo do tipo “Vocês acham que o Nordeste é quente? Bem vindos ao inferno!”. Realizamos mais uma vez o ritual da lona e logo começamos a beber cerveja, na tentativa de ficarmos bêbados e esquecermos o calor que derretia nossos cérebros. Estavam lá muitos amigos, entre eles os Victores, Whipstriker e Canabarro (Farscape), A Carla e Ludmila, que são de Minas; os Brothers do Velho, que também tocariam naquele dia, entre outros.

Sauron e Whipstriker

Quem abriu as apresentações foi a fodida Poem’s Death, Death Metal mais que sincero. A galera já pirava e batia cabeça! Aliás, aqui cabe uma pequena descrição do Subúrbio Alternativo: o local é sensacional por vários motivos, primeiro porque fica descentralizado do Centro e mesmo assim atrai muita gente, e segundo porque tem muita, mas muita birita diferente, e o dono de lá, o Terror é um cara fora de série, que dá apoio e assistência para as bandas que tocam no espaço.

Os shows foram insanos, literalmente. Muita gente dentro e fora do bar, batendo cabeça, se espremendo pra ver, bebendo e ficando louca. Ficamos muito felizes pela recepção que tivemos, com certeza um dos melhores shows da história da Venomous Breath, e por certo do caverna também. Ainda houve o Velho pra fechar a noite com chave de enxofre, em um show totalmente visceral, onde todos cantavam. A galera da União Headbanger passou a sacolinha lá e conseguiu arrecadar uma boa grana, um dos melhores cachês que tivemos em toda a tour.

PB-RJ-MG-SP
No fim ainda demos um tempo por lá bebendo e depois seguimos para casa do Thiago Splatter (Velho), onde passaríamos os próximos dias de “folga” – e muito calor. Chegamos na residência do Thiago, que fica em Duque de Caxias, e já nos pregamos no fliperama que ele tem lá. Ficamos jogando até a hora de dormir. (Não esqueçam o ritual da lona, o qual repetimos)

Era segunda, amigos. Mas estávamos em turnê, e em turnê segunda é domingo, terça é domingo, e por aí vai. Tiramos os próximos dias pra ficar enchendo a cara de cerva gelada, naquela de tentar enganar o calor. O Rodrigo Bastardo (Lástima) e a Jhoyce nos fizeram companhia na nossa maratona etílica. De resto era só fliperama e banho de chuveiro. Um verdadeiro balneário headbanger. Na casa do Thiago tem um estúdio, o Albergue do Rock, onde ensaiavam a Poem’s Death e o Lástima. Aproveitamos não só pra ver o ensaio dos caras mas também pra brincar. Em uma tarde eu, o Victor e o Thiago (Batatão) fizemos um projeto de Death Metal, o qual intitulamos de Decrepto (risos). Gravamos a aventura:




Também tivemos nosso dia de turista. Fomos até Copacabana. Almoçamos no Copacabana Palace (Na calçada, comemos quentinhas duvidosas com frango e quiabo), ficamos na praia, onde se vende de tudo – porra, tinha uns gringos vendendo dindin (sacolé) a três reais. E terminamos o dia na Urca, onde a galera fez a façanha de subir o morro pra descer no bondinho (de graça, na esperteza). Eu e Batatão, como somos gordos mórbidos não conseguimos e voltamos.

Era nossa última noite do Rio, a estadia na casa do Thiago foi sensacional, o cara é mais que um brother, um irmão(sic). A única coisa ruim no rio, como eu já repeti, foi o tremendo calor. Um calor que eu nunca senti, mesmo aqui no Nordeste. Nós ficávamos tristes na hora de dormir.


Caverna + Velho + Venomous Breath + Poem's Death + Lástima
Com uma dor no coração nos despedimos da turma do Rio e seguimos viagem. Na próxima semana seriam shows em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ainda tinha muito chão.


Mas fica para o próximo capítulo.

666

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Into The Void | Zine lançará sua primeira edição



Por jaime "Netão" Guimarães

Será lançada na próxima quarta-feira, 10/06, a primeira edição do zine Into The Void. O meterial sairá em duas versões, impressa e digital, e trará entre os conteúdos de suas 14 páginas entrevistas com as bandas Witching Altar (PE), Ungraver (RN) e Caverna (PB), além de reviews e matérias sobre Venomous Breath (PB), União Headbanger RJ e Refúgio Macabro.

O material sairá em preto e branco, na versão de papel, e custará a bagatela de cinco reais, com envio para todo o país. Já a versão digital será disponibilizada colorida e  gratuitamente na página do Into The Void.

O fanzine é de realização de Feliphe Desintegratör, membro das bandas Endless Brutality, Vinterskogen e Ungraver, da cidade de Assu (RN).


Para mais informações: www.facebook.com/feliphe.disintegrator

666!

terça-feira, 2 de junho de 2015

Tour Report | O Underground na Estrada - Parte II

Antes de tudo, se não viu a Parte I, leia aqui.

Jairo, Sauron, Vinícius e Thiago(Batatão)


Por Jaime "Netão" Guimarães

Após meses de preparação, finalmente estávamos prestes a de fato começar a turnê. Embarcamos no avião em Recife, com destino à cidade onde daríamos início aos shows, Salvador. Quem nos pegaria no aeroporto seria nosso amigo Caio Rohr (RCE), pois o Victor teve um contratempo com o carro em Minas Gerais e só poderia nos encontrar no sábado. Desembarcamos no aeroporto e esperamos o Caio, que logo apareceu, e se assustou com o tanto de malas que trazíamos (risos). Era manhã de sexta-feira, e dali iríamos direto para o local do evento, onde já havia uma galera nos esperando. Decidimos então colocar todas as coisas no carro do Caio e irmos de ônibus até onde o evento seria realizado.

No Aeroporto mesmo pegamos um ônibus com destino ao bairro do Patamares, onde aconteceria o evento. Estávamos muito cansados, alguns aproveitaram pra cochilar durante o trajeto e outros aproveitaram pra olhar a cidade pela janela do busão. Quando chegamos à casa de shows onde o evento seria realizado já havia gente nos esperando, estavam lá os Brothers Alexandre Disgracedeath e Israel Ferrão, da Heretic Execution, banda que tocaria conosco naquela noite, e também o Murilo Muniz. Descarregamos as tralhas todas e tomamos café lá, enquanto uma velhinha, dona do local, nos enchia de perguntas. “Vai dar umas mil pessoas hoje?”(risos)

Logo em seguida fomos até a casa do Alexandre, onde descansaríamos antes do show. Fomos muito bem recebidos por ele e sua família. Tomamos banho lá e dormimos algumas horas. Após acordarmos estavam abertos os trabalhos etílicos, começamos a beber e escutar som, enquanto não dava a hora de voltar para o local do show. Alexandre nos apresentou uma maldita cachaça de gengibre, da qual tomamos umas três garrafas. Algumas horas mais tarde o Caio reapareceu para nos buscar.

Já de noite, no local do show, começamos a nos aprontar pra tocar. Encontramos lá alguns amigos que só conhecíamos pela internet , também o Eucini Santy (Heretic Execution), que estava organizando o evento, e o Carlos Alberto (Cadaverise), que já tínhamos conhecido em Campina Grande e que tinha saído de Teresina (PI) pra pegar dois shows da nossa tour. A galera começou a chegar e as apresentações começaram. Primeiro tocou o Caverna e em seguida a Venomous Breath. Para todos nós esse primeiro show foi muito importante, pois seria o termômetro para a turnê. E Foi bastante satisfatório, o público se matou durante os shows e curtiu bastante (os soteropolitanos são insanos!). Fechando o evento se apresentou a Heretic Execution, com seu Death Metal podre e urrado. Uma noite foda! Também fomos muito bem na venda de merchan, o que de certa forma nos impressionou.

Primeiro show da turnê - Salvador - 09/01/2015


Terminado o evento, seguimos para a casa do Caio, onde dormiríamos e encontraríamos o Victor no dia seguinte, pra seguir viagem. O Robson Desgraça(Desgraça Zine) nos ajudou e levou metade da carga em seu carro. Ainda tentamos buscar um local pra tomar uma saideira, sem sucesso. Só nos restou um papo no estacionamento do Habib’s (Tudo em Salvador é caro, inclusive o Habib’s).

Após uma noite de sono acordamos e passamos o dia na casa do Caio ouvindo som e conversando, esperando o Victor chegar. Já era noite quando finalmente o doblô chegou. Lembra daquela pergunta que nos fazíamos antes? “Será que essas malas vão caber no carro?”, pois bem, era hora da verdade. (risos). Assim que o Victor chegou começamos a montar o quebra-cabeças, encaixar sete pessoas e meio mundo de malas em um doblô. O victor reclamou, disse que tínhamos trazido muita coisa. Mas já era tarde e tínhamos que viajar 150 km até Alagoinhas, onde tocaríamos naquela noite. Esvaziamos algumas malas e deixamos na casa do Caio pra pegar na volta. Surpreendentemente conseguimos encaixar tudo no carro, a duras penas, e seguimos viagem.

Sim, isso é dentro do carro (risos
No caminho fomos colocando o papo em dia com o Victor, que não víamos pessoalmente desde dezembro. O aperto era grande  e urgência de chegar em Alagoinhas também, pois o evento já estava pra começar. Quando chegamos no local do show, infelizmente o evento já tinha começado e nós perdemos apresentação de uma das bandas, a Ímpios. Vimos o show da Braincancer, que foi do caralho. Montamos nossa banquinha e esperamos o momento de nos apresentar. Infelizmente o público não compareceu em grande número, porém os que foram não deixaram a desejar, foram shows muito energéticos.

Nosso amigo Lucas Andrade (Braincancer) nos levou para uma pousada, onde dormiríamos, mas não tinha mais vaga e nós decidimos pegar direto para a próxima cidade, Vitória da Conquista. No entanto, a cidade ficava a uma distância considerável e não era viável irmos com o carro cheio de malas como estava. Então resolvemos mandar um herói de ônibus e levando um monte de bolsas, pra aliviar o espaço; esse escolhido foi nosso baixista Jairo Tellys.

Tentando encaixar tudo - Rodoviária de Alagoinhas

Sem dormir, partimos direto para Vitória da Conquista, que fica a uns 400 km de distância. Então lá estávamos nós, cortando o Estado da Bahia em direção ao sul; muito asfalto e conversa embalados por calamidades sonoros do tipo Death Breath.

Chegamos em VCA ainda de tarde e fomos direto pra casa de show, um espaço chamado Cocafé, um bar no estilo pub com uma ótima estrutura e cheio de quadros de astros do Rock N’ Roll. Lá encontramos o Caio, organizador do evento e baterista da Bastard, banda de Death Metal que também tocaria naquela noite de domingo. Lá reencontramos grandes amigos, Maurício Sousa (Escarnium), Tarcísio Spirit Crusher (Suffocation of Soul) e conhecemos outro tanto de bangers. Jairo, que tinha ido de busão, só chegou umas quatro horas depois, cheio de malas. (risos)

O evento começou e logo de início já se mostrava promissor: adolescentes com camisas pretas já bêbados e vomitados pelo chão do bar. Um show desse não tem como dar errado, eu pensei. E estava certo, pois foi um dos shows mais insanos da turnê, que àquela altura acabava de ter começado. O público compareceu em peso, todos batendo cabeça e enchendo a cara. Inesquecível.

Caverna em Vitória da Conquista

Brothers no final do show de Vitória da Conquista

Após o termino do evento fomos para onde dormiríamos e passaríamos os próximos quatro dias. O caio nos disse que ficaríamos hospedados na empresa do seu pai; de início estranhamos, mas quando chegamos lá tivemos uma grata surpresa. Era uma imensa empresa distribuidora de gás, e dentro dela tinha uma casa de primeiro andar, com direito a ar condicionado e tudo. Era tudo  que precisávamos, descansar. Antes ainda tomamos algumas cervejas e nos despedimos de alguns amigos.

Enfim, iríamos curtir os primeiros days off. Na segunda-feira saímos para conhecer a cidade e já nos programamos pra biritar. Onde estávamos tinha uma geladeira cheia de uma tal de cerveja chamada Colônia. Segundo o Caio, o seu pai trouxe um grande carregamento daquela cerveja do sul pra vender na região, mas a marca não vingou. Sorte a nossa, pois tinha cerveja aos baldes. Ficávamos as noites enchendo a cara de cerveja enquanto o careta do Sauron se fazia que trabalhava (ele trampava pelo computador todas as madrugadas. Conseguiu enganar a empresa).




Durante nossa permanência em Vitória da Conquista o Victor aproveitou pra dar uma turbinada no carro. Mandou colocar um bagageiro e colocou molas pra que o doblô ficasse mais alto; tudo em prol de uma viagem mais confortável. Pra nós foi como se tivéssemos tirado na loteria, tamanha era a alegria de ver o doblô from hell a todo gás.

Continuamos na cidade até a quinta-feira, curtindo o frio (sim, faz um frio lascado lá) e bebendo sempre que não estávamos fazendo nada, que era todo dia e toda hora. De lá partiríamos para a segunda semana da turnê, que se iniciava em Atibaia (SP). No entanto, antes atravessaríamos o glorioso Estado de Minas Gerais.


Continua na parte III, em breve.

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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Tour Report | O Underground na Estrada - Parte I

Por Jaime Guimarães

Saudações, maníacos e maníacas! Hoje estou por aqui para compartilhar com vocês  uma das viagens mais fodas que tive o prazer de fazer em minha vidinha mais ou menos. Pra quem não sabe, toco bateria com as bandas Ataque Violento e Venomous Breath, de Thrash e Death Metal, respectivamente. Em janeiro deste ano de crise a Venomous, juntamente com o Caverna, uma banda irmã de sangue, saiu em turnê por parte desse imenso país chamado Brasil. Tentarei fazer nas próximas linhas um report sobre o que vivenciamos em um mês de estrada, da Bahia à Santa Catarina. Sete pessoas, muitas malas, 10 mil km e um doblô que entrará para a história.

Como pode ficar um pouco longo, dividirei o texto em cinco partes, essa apresentação, e cada uma contando os acontecimentos de uma semana da turnê. Vai dar pra ter uma noção de como é para uma banda underground meter as caras, cair na estrada e passar quatro semanas vivendo apenas aquilo que se gosta, tocar Metal. De antemão, saibam que é do caralho poder conhecer tantos amigos e bandas fodas por todos os lugares em que passamos, e mais que isso, saber que a nossa “cena”, apesar de tantos pesares, sobrevive forte e conta com cabeças valorosas espalhadas por toda parte do país.

Sigam-se os bons maus!

Panzer Division Speed Freak!




































A ideia e preparação

Em 2013 a Venomous Breath dividiu palco com a Escarnium em João Pessoa – PB. Na ocasião conhecemos o Victor Elian, vocal e guitarra, e ele pirou no som da gente. Dali pra frente um laço de amizade foi criado entre nós. Volta e meia encontrávamos o Victor por conta das turnês que ele realizava com a Speed Freak pelo Nordeste. Em 2014 ele nos convidou para tocar no Refúgio Macabro, em Minas Gerais. Apesar de morarmos distante víamos o Victor com uma certa frequência. Foi quando ele veio com a ideia de que deveríamos fazer uma turnê pela Speed Freak. Ele nos passou as condições e nos explicou todo o trâmite para a realização da tour, e nós de pronto topamos.

A partir daí começamos a nos programar. De início apenas a Venomous Breath participaria para o giro, mas como na época tínhamos incorporado um segundo guitarrista, o Sauron, percebemos que seria viável que o Caverna também viajasse, já que a banda é um duo, e Sauron também era o guitarrista. A conta batia certinho, sete vagas no doblô, sete sujeitos contando com bandas e o motorista, que é o próprio Victor. Então dividimos todos os custos pré-viagem não por bandas, mas por cabeças. Foi um tremendo jogo de cintura para reservar verba para merchan, passagens aéreas e custos futuros na estrada. No fim, deu tudo certo.

Com mais ou menos seis meses de antecedência – a turnê ficou para janeiro de 2015 – começamos a fechar datas e a calcular os gastos que teríamos com a viagem. A rota ficou da seguinte forma: começaríamos pela Bahia e desceríamos para o sul/sudeste. Ao todo passaríamos por sete estados. Essa parte é um processo meio complicado, porque além de fechar as datas deve-se ter o cuidado de não colocar um show muito distante do outro, por conta do cansaço e da viabilidade em chegar na hora de tocar. Também nessa parte definíamos os cachês com todos os produtores. Os valores variavam entre 350 e 500 reais, a depender da expectativa de casa evento. Decidimos previamente deixar os cachês exclusivamente para pagamento de gasolina e pedágios(Que não foi pouco). já o dinheiro da venda de merchandising ficaria para outros gastos que as bandas necessitassem.

Após muito discutir, a turnê foi nomeada como Under a Funeral Road, um trocadilho com Under a Funeral Moon, do Darkthrone. Começamos a divulgar o cartaz da tour e paralelamente ensaiávamos para shows marcados até o fim de 2014.

Cartaz feito por Fernando JFL. Algumas datas sofreram modificação.

Durante esse tempo de preparação enfrentamos uma incerteza. Não sabíamos se os CD’s do debut álbum da Venomous Breath chegariam a tempo de levarmos para a turnê. Et Viscera Sanguis foi lançado pela Hell Productions da Tailândia, e de lá as cópias estavam vindo. Contudo, por conta da eficácia dos Correios, tínhamos quase que certeza total de que viajaríamos sem CD’s. Mas, para nossa surpresa, o material chegou a tempo, e mesmo tendo que pagar uma “módica” taxa de 382 reais, foi um alívio para nós. Paralelo a isso seguimos com mais gastos pra fazer camisas, patches, etc; além da compra e upgrade de equipamentos.

Merchan

Merchan pronto, shows agendados, rotas traçadas, estávamos a um passo de darmos início à turnê. A ansiedade era grande. No dia 08/01 saímos de Campina Grande para Recife de ônibus, lá pegaríamos um voo para Salvador, onde seria realizado o primeiro show. Sauron e Vinícuis vieram de Patos – cidade a 180 Km de Campina Grande – e nos encontraram para darmos início ao trajeto. Tivemos que passar a noite o Aeroporto de Recife a espera do nosso voo, que sairia às 06h00 (Esse é o preço que se paga por passagens mais baratas). Ficamos por lá esperando dar a hora de embarcar e escapando dos abusivos preços praticados por qualquer coisa que seja dentro de um aeroporto. Ainda tivemos que pagar mais de 150 reais de excesso de bagagem, era muita tralha. Àquela altura já nos indagávamos preocupados “será que vai caber no doblô?”.

Rodoviária de Campina Grande (Olha o tanto de tralha!)

Finalmente chegara a hora de embarcar. Estávamos sem dormir e já com fome, mas felizes.

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Continua no próximo episódio...

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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Deathraiser se prepara para turnê nacional


Por Jaime 'Netão" Guimarães

O Deathraiser, quarteto mineiro de Thrash Metal formado na cidade de Leopoldina, está prestes a realizar sua primeira turnê nacional. A Spreading  the Agression Tour  começará em minas Gerais e se estenderá por mais oito estados das regiões Norte e Nordeste. A agência responsável pelo agendamento de shows e o gerenciamento da turnê é a Speed Freak Booking.

O grupo começou com o nome de Merciless em 2006, tendo lançado duas demos e dois splits entre 2007 e 2009, quando mudou de nome para Deathraiser. Em 2011 lançaram o excelente álbum Violent Agression, um disco que apresenta um Thrash Metal ultra rápido com fortes influências de Kreator e Sadus em seus melhores dias. O debut rendeu ótimas críticas e muitos shows para a banda no circuito sudeste.



Já a Speed Freak, parceira da banda nessa empreitada que cortará parte do Brasil é conhecida pelas turnês que vem realizando desde 2011. A empresa, capitaneada por Victor Elian (Escarnium) já rodou praticamente todo o país com bandas como Flagelador, Suffocation o Soul, Caverna, Venomous Breath, Fueled By Fire(EUA),  Sodamned, Kataphero e Enforcer(SUE).




A primeira data da turnê do Deathraiser acontecerá no Refúgio Macabro, grande festival underground que acontecerá em Belo Horizonte no dia 11 de julho e contará com bandas como Impurity, Velho e Vultos Vocíferos. De lá a banda partirá para shows na Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grade do Norte e Piauí. Ainda há datas disponíveis para estados da região Norte. Produtores que queiram realizar show do Deathraiser podem entrar em contato com a Speed Freak Booking.




Para maiores informações:
speedfreakbookings@gmail.com

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Anti-Arte de Fernando JFL




Por Jaime "Netão" Guimarães

Além da música, um dos principais elementos de identificação, e que chamam atenção em uma banda – ou sites, zines, selos, etc... – é a arte gráfica. Muitas vezes a beleza(ou feiura, como queiram) de um desenho chama a atenção e faz com que as pessoas acabem por conhecer determinado artista. Da mesma forma, alguns artworks acabam por virarem símbolos, devido tamanha identificação com a proposta de um grupo.

Vindo das infernais e quentes terras de Mossoró, Rio Grande do Norte, o artista gráfico Fernando JFL vem se destacando por conta de suas artes. Com traços de caneta preta e uma imaginação demoníaca Fernando cria desenhos horríveis para as mais diversas iniciativas: capas de disco, cartazes e flyers, layouts, logos, camisas. Ele publica seus trabalhos através da página Giotefeli Anti Arte (daí o JFL, sacou?) no Facebook.



A estética do trabalho de JFL é suja, violenta, sangrenta e maligna. É comum ver caveiras, corpos derretendo, cabeças arrancadas, caos e muito sofrimento cristão. É notável o uso de traços não lineares, do pontilhado e de muito contraste, agindo quase que inteiramente em cima de preto e branco, o que cria uma identificação de ruído e agressão visual. Segunda o próprio artista, suas influências vem de diversas fontes, todas coisas ruins, inclusive o próprio Satanás!(sic)



Adepto do DIY e da cooperação (não competição), Fernando já fez trabalhos para uma infinidade de bandas e empreitadas, sejam do meio Metal, Punk, Grindcore ou Powerviolence, entre elas: Ataque Violento, Jubarte Ataca, Caverna, Praga(RS), Venomous Breath, Refúgio Macrabo, Deus Verme, Feed me More, e mais uma porrada de outras. Ele diz que faz tudo na base da “brothagem”, para os amigos e pro rolê. Fernando também se arrisca nas tatuagens, faz em casa e cobra “mais ou menos 100 reais”, como ele mesmo afirmou. Mas não vão se aproveitarem!

Além  de trampar no mundo dos rabiscos, Fernando JFL também toca, é guitarrista das bandas Lei do Cão (Crossover) e Cätärro (Grindcore/Powerviolence).

Abaixo seguem mais algumas artes do Giotefeli. Para mais, visitem a página no Facebook e o Flickr do garoto!

















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domingo, 3 de maio de 2015

O Death Metal diferente do Tribulation


Por Jaime "Netão" Guimarães

Já havia falado por aqui há algum tempo que o Death Metal estava mais vivo do que nunca (o trocadilho foi intencional). Uma infinidade de bandas consideravelmente novas vem vomitando o Metal da Morte de forma bestial, resgatando e inspirando-se nos primórdios do estilo, mas sobretudo agregando personalidade. Alguns grupos foram mais além e ousaram mesclar a morbidez do Death Metal com outros elementos, criando de fato um som diferenciado, e que funcionou. Um grande exemplo é o maléfico e sensacional Tribulation.

O quarteto sueco – só podia.. – já havia chamado minha atenção quando do lançamento do seu debut album, o não menos que fenomenal The Horror (2009). Nesse disco tivemos acesso a um Death Metal nos moldes old school, de primeira linha; nove faixas de pura violência, rapidez e maldade, porém muito criativo e próprio. Como costumo dizer, uma espécie de Merciless levado às últimas consequências.


Daí que, em 2013, veio a segunda pedrada, The Formulas of Death. Aqui o Tribulation mudou consideravelmente sua direção musical e tomou um rumo ainda mais particular. Logo de cara se percebe, o full abre com uma introdução com dedilhados de guitarra e uma abordagem mais atmosférica. Durante o track list é evidente a incorporação de outras influências, que vão desde Black Metal, pitadas de Heavy Metal e nuances marcantes de progressivo, até mesmo um tom psicodélico em algumas partes. Estes novos elementos não diminuíram em nada a ferocidade e rapidez da banda, pelo contrário, as peças se encaixaram perfeitamente e pudemos encontrar um disco coeso e que mantêm um mesmo clima durante todas as faixas.



No mês passado o Tribulation lançou seu terceiro disco cheio, The Children of the Night. Ao que parece – ainda não pude sacar o material completo – a banda mergulhou ainda mais na escuridão e em novas influências. Pelo que pude perceber há um forte viés melódico nas linhas de guitarra; um caminho pelo qual outra banda percorreu, o Morbus Chron. Percebe-se um tom mais melancólico e uma redução de passagens mais rápidas com linhas de bateria mais diretas, bases marcantes e sombrias, trabalhos de teclado e ainda os aspectos mais progressivos e psicodélicos. Paralelo ao lançamento o Tribulation ainda soltou um magnífico clipe da música “Strange  Gateways Beckon”. 



The Horror ainda é meu favorito do Tribulation, mas o restante de sua discografia não faz feio. Os caras conseguiram trazer uma nova cara para um estilo já bem marcado e delimitado, e isso não é pra qualquer um. Como eles há outros, a exemplo do já citado Morbus Chron e do Horrendous, que são bandas que incorporaram outros elementos ao Death Metal e tiveram Êxito.

O que vocês, malditos, acham do Tribulation e de bandas que trazem novos elementos para estilos já firmados? É possível inovar sem cair no campo do moderno e “comercial”? Esses suecos mostraram que sim.
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